O mercado de luxo tem sido um mercado estável e em crescimento, mesmo em alturas de crise. Prova disso, é a posição de Bernard Arnault como o novo homem mais rico do mundo*. Arnault é o diretor executivo do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy).
Já olhando para Portugal, temos outro exemplo inspirador de sucesso no mercado de luxo: a Farfetch, uma empresa de e-commerce de moda de luxo.
Se este é o seu caminho e se tem ou está a desenvolver uma marca de luxo portuguesa, acompanhe este artigo e descubra como é que o e-commerce está a mudar este mercado e como pode alavancar essa ferramenta para posicionar a sua marca de luxo internacionalmente.
O e-commerce e o perfil do novo consumidor do mercado de luxo
O mercado de luxo evoluiu nos últimos 10/15 anos ao ritmo da tecnologia. Se no passado, o típico consumidor era anglo-saxónico e na casa dos 50 anos, hoje é asiático, digital e na casa dos 25.
Este novo consumidor, além de procurar o que sempre se procurou numa marca de luxo, acrescenta-lhe duas novas exigências: a presença digital e a sustentabilidade. O novo luxo, se assim o podemos definir, é mais inclusivo, democrático e sustentável. Por conseguinte, se pretende chegar ao público certo há que navegar em direção a ele, criando uma marca de luxo sustentável e digital.
Como fazer: cooperação e tecnologia são as palavras-chave
A dica é de Stefania Lazzaroni, general manager da Altagamma Itália (Associação Italiana que estuda marcas de luxo): quando as marcas mais pequenas unem forças e trabalham de forma mais cooperativa, conseguem posicionar-se melhor.
A ideia é chegar ao mercado de luxo internacional como um “ecossistema” de marcas portuguesas e um dos caminhos mais rápidos chama-se “e-commerce”. É aqui que entra a tecnologia. Mesmo que a sua ideia de empreendimento não passe por fundar uma marca de luxo nacional, pode passar pela criação de soluções tecnológicas que ajudem estas marcas a posicionar-se no mundo digital.
Dica de financiamento
O incentivo “internacionalização via e-commerce” é uma linha de apoio perfeita para negócios relacionados com o mercado de luxo que queiram crescer além-fronteiras. Entre outros objetivos, esta linha apoio diretamente a criação de lojas online. Por isso, tire essa ideia da gaveta e dê-lhe vida. Saiba mais sobre este incentivo aqui.
Mercado de luxo, exportações e e-commerce: para onde olhar
1. China e não só
Numa entrevista ao Jornal de Negócios, José Neves, CEO da Farfetch, além de reforçar a resiliência do mercado de luxo, que deverá resistir à inflação e tempos de crise que se vivem, apontou para a China como o principal mercado. Segundo José Neves, a procura do consumidor chinês caiu nos últimos anos devido aos consecutivos confinamentos, algo que já terminou, abrindo novamente as portas para o crescimento da procura chinesa.
A par da China, há que olhar para outras potências asiáticas que têm “novos ricos” todos os anos. É o caso da Índia e da Coreia do Sul que, segundo Stefania Lazzaroni, estão a aumentar as suas compras de mercado de luxo a um ritmo de 6% ao ano. Por fim, olhamos para o Brasil, que em 2022 viu as vendas de produtos de luxo a crescer 50%, muito graças às plataformas de e-commerce de luxo que continuam a surgir e aumentar no país.
Dica de financiamento
A medida de Apoio à Investigação & Desenvolvimento Tecnológico pretende financiar projetos com soluções tecnológicas inovadoras que originem novos produtos ou serviços, em fase experimental. Se está a desenvolver alguma solução tecnológica para o mercado de luxo, esta linha de apoio a fundo perdido pode ser o incentivo certo para si. Saiba mais aqui.
2. Calçado e mobiliário têm “pernas para andar”
O calçado de luxo português já é reconhecido além-fronteiras e dos itens de moda é aquele que tem maior potencial.
Um bom exemplo que atestou esse potencial de crescimento foi a parceria da marca portuguesa Josefinas com a blogger de moda mais influente do mundo, Chiara Ferragni. Através desta parceria, a Josefinas lançou uma edição de calçado exclusiva disponível apenas através do e-commerce de Chiara Ferragni. Resultado? Alcance mundial com posicionamento exato junto do público-alvo.
Ao potencial do calçado, junte-se a aliança entre a mestria dos artesões e dos designers portugueses de mobiliário. O mobiliário português, reconhecido pela sua qualidade, também beneficiará bastante do e-commerce para alcançar um público maior, indo além dos mercados europeus onde está mais bem posicionado.
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3. Ir além do design: vinhos e azeites de luxo
Um dos maiores desafios das marcas de luxo de design português é enfrentar a concorrência de marcas de luxo italianas ou francesas.
Entra aqui o que de melhor Portugal consegue fazer e onde a competição, embora exista, está bem nivelada para nós: os vinhos e azeites de luxo. Se o vinho por si só já é um nicho, o azeite de luxo ainda mais.
Estes são dois nichos do mercado onde o e-commerce é muito pouco representativo, com as parcerias a ganharam mais relevância. Mas, respeitando o valor das parcerias estratégicas, qual seria o valor final se conseguisse chegar ao cliente diretamente através de uma plataforma de e-commerce? À partida, conseguiria atingir um público maior, aumentando simultaneamente a sua a margem de lucro.
A par disso, estes dois nichos em específico podem acrescentar algo único: o fator experiência, através de packs que incluam mais do que uma garrafa de vinho ou de azeite, uma visita à quinta, uma experiência de degustação ou uma estadia num hotel & spa rural de luxo.
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Mercado de luxo: exportar via e-commerce é o caminho
Os empreendedores portugueses têm cada vez mais espaço para lançar produtos no mercado de luxo internacional. E podem e devem fazê-lo a nível digital, posicionando os seus produtos junto do novo consumidor deste mercado, apontando as suas forças, principalmente, para os países emergentes. Esse é o caminho para que Portugal tenha mais marcas de luxo reconhecidas a nível mundial.
*De acordo com a lista da Forbes publicada em Abril de 2023